‘Vice’ da Federação dos Direitos Humanos "preso" e "expulso" do Djibuti

14/03/2023

O objetivo da missão destas duas pessoas era “fazer um balanço da situação” dos defensores dos direitos humanos neste país do Corno de África, explicam numa declaração conjunta a FIDH e a Liga Djibutiana dos Direitos Humanos (LDDH).

No domingo à noite, um oficial “em missão para a FIDH e com um visto válido, apresentou-se no controlo fronteiriço do aeroporto do Djibuti. Recusando-se a dar-lhe qualquer motivo, a polícia agarrou-o pelos braços e obrigou-o a embarcar num avião com destino a Istambul”, lê-se no comunicado.

No sábado, Alexis Deswaef, vice-presidente da FIDH, “também membro da missão e na posse de um visto válido, entrou no território sem problemas”, de acordo com o comunicado.

Contudo, “após 48 horas de missão em condições complicadas” devido a atuação dos serviços de segurança, Deswaef “foi detido no seu hotel e depois levado para o aeroporto e colocado num avião com destino à Etiópia”.

“Não lhe foi dada nenhuma razão ou notificação para esta abordagem” e as suas “notas, o seu telefone, os seus cartões de telecomunicações” foram “confiscados”, de acordo com a FIDH.

Deswaef encontrou-se com Zakaria Abdillahi, ex-presidente da Liga Djibutiana para os Direitos Humanos (LDDH), a organização membro da FIDH no Djibuti, bem como representantes da sociedade civil, líderes da oposição, várias representações oficiais ocidentais e representantes das Nações Unidas, de acordo com o comunicado.

Os defensores dos direitos humanos “vivem numa situação preocupante”, afirmou Abdillahi, denunciando “detenções, violência por parte das forças de segurança, detenções arbitrárias, vigilância notória” e que “o Governo procura perpetuar um clima de terror”.

O Djibuti é um estado estável numa região conturbada que desperta o interesse das grandes potências, e onde há bases militares norte-americanas, francesas e chinesas.

O partido no poder venceu as eleições legislativas por uma larga margem e, sem surpresa, no final de fevereiro. Os principais partidos da oposição boicotaram as eleições.

“O tratamento sofrido pelos meus colegas é inaceitável, mas não surpreendente”, afirmou Alice Mogwe, presidente da FIDH, apontando o dedo à “passividade dos países europeus, dos Estados Unidos e da China, que estão muito felizes em desfrutar de instalações em solo djibutiano, sem se preocuparem com o destino das populações locais”.

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