Legislativas na Letónia devem reconduzir coligação de centro-direita
29/09/2022
As sondagens atribuem ao Nova Unidade, partido do primeiro-ministro Krisjanis Karins que dirige atualmente uma coligação minoritária de quatro partidos de centro-direita, entre 13% e 20% dos votos, garantindo o estatuto de primeira força política.
As eleições, com cerca de 1,5 milhões de eleitores inscritos, serão seguidas por uma previsível negociação para a formação de nova coligação, com analistas citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) a admitirem que Karins — que dirigiu o país báltico de 1,9 milhões de habitantes durante a crise da covid-19 e outros desafios — tem condições para se manter no cargo.
As eleições também poderão significar uma queda acentuada do partido Harmonia, até agora a principal força representativa da minoria étnica russa da Letónia, cerca de 25% da população.
Este partido concentrava tradicionalmente os votos da população russófona local, e ainda de bielorrussos e ucranianos, todos de origem eslava e fiéis da religião ortodoxa.
Nas últimas eleições de 2018 venceu o escrutínio com 20% dos votos, mas foi impedido pelos restantes partidos de participar no Governo.
A imediata e resoluta oposição deste partido à invasão da Ucrânia pela Rússia motivou a deserção de muitos apoiantes, que continuam a identificar-se com as opções políticas do Presidente russo, Vladimir Putin. E os que criticaram a guerra começaram a aproximar-se dos partidos da área do poder.
O Harmonia surge agora na quinta posição com 5,1% de apoio, indicou uma recente sondagem da televisão pública LSM. A entrada no parlamento da Letónia depende de um mínimo de 5% dos votos expressos.
Desde a invasão da Ucrânia que a Letónia — uma antiga república soviética e atual membro da União Europeia (UE) e da NATO — adotou diversas medidas relacionadas com o conflito, incluindo a reintrodução do serviço militar obrigatório a partir de 2023, após uma suspensão de 15 anos.
A proibição da entrada de cidadãos russos no país com vistos turísticos e o desmantelamento de um monumento soviético alusivo à Segunda Guerra Mundial em Riga, a capital do país, foram outras das medidas.
O Governo decretou esta semana o estado de emergência em diversos postos fronteiriços numa reação à mobilização parcial que decorre na vizinha Rússia. À semelhança da Estónia e Lituânia, a Letónia está a recusar conceder asilo político aos reservistas militares russos que estão a recusar a incorporação.
Krisjanis Karins, 57 anos e com dupla nacionalidade letã e norte-americana (nasceu em Wilmington, no estado norte-americano de Delaware), já indicou preferir a recondução da anterior coligação e excluiu qualquer cooperação com os partidos pró-Kremlin.
A sondagem da LSM coloca os Verdes e a União dos Agricultores (ambos na oposição) no segundo lugar com 7,8% das intenções de voto, seguidos de perto pela Aliança Nacional, centro-direita e um dos membros da coligação.
Os restantes membros da atual coligação são o liberal Desenvolvimento/Por! e o partido Conservador, direita radical.
Um total de 19 partidos e 1.800 candidatos apresentam-se às legislativas de sábado, mas apenas cerca de oito devem conseguir ultrapassar a barreira obrigatória dos 5% para garantir presença entre os 100 lugares do Saeima (parlamento).
O Governo de Karins — que assumiu o poder em janeiro de 2019 após um longo processo negocial — é o mais longo em funções em toda a história do país, numa ilustração da natureza turbulenta da política letã.
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